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Em junho de 1938, no auge da Era Vargas e poucos momentos antes da Alemanha Nazista levar o mundo para a Segunda Guerra, o Brasil negou 47 pedidos de pessoas comprovadamente judias de virem da Hungria para o Brasil. O cônsul brasileiro que havia declarado que essas pessoas eram “inassimiláveis, que só sabem trabalhar – sem o menor escrúpulo e só visando o lucro – como intermediários de negócios, nada produzindo de útil”.

A atitude e a opinião do cônsul brasileiro em Budapeste era consenso no alto escalão do governo varguista. Pelo menos 16 mil judeus nessa época tiveram o pedido negado de ingressar para o Brasil fugindo as políticas antissemitas que culminaram no Holocausto e na morte de milhões de judeus.

As regras que impediam a entrada de judeus também serviam para pessoas oriundas da África e da Ásia, as cerca de 26 circulares secretas continuaram em vigor mesmo com a entrada do Brasil na guerra contra os nazistas.

A circulares usavam argumentos assustadoramente semelhantes aos nazistas para impedirem a entrada de imigrantes que não seguissem um padrão fenótipo europeu, pois judeus “numa inadmissível concorrência ao comércio local e ao trabalhador nacional, absorverem, parasitariamente, (…) uma parte apreciável de nossa riqueza, quando, além disso, não se entregam, também, à propaganda de ideias dissolventes e subversivas”. Foco na palavra “parasita”, por favor.

O racismo atingia, mesmo que de forma mais discreta que a Alemanha, patamares ainda mais altos. No artigo Discriminação e Intolerância: os indesejáveis na seleção do Exército brasileiro, o autor deixa claro que desde 1937 havia normas que impediam o acesso de negros, judeus e muçulmanos a escolas de oficiais do Exército.

As políticas antissemitas continuaram anos depois da deposição de Vargas, já que inúmeros ministros e autoridades continuaram. O próprio presidente Dutra foi um dos relatores das normas. Mas vários conseguiram entrar no Brasil nessa época e formar uma comunidade que hoje tem cerca de 120 mil membros. Seja por meio de certidões de nascimento falsas, seja por poderosas e importantes pessoas judias no Brasil que conseguiram trazer alguns foragidos da loucura na Europa.