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O mais famoso Reich alemão é o terceiro. O Reich criado pela ideologia totalitária e por um líder cuja notoriedade está relacionada a milhões e milhões de pessoas que, infelizmente, pereceram diante da intolerância. Mas bem antes deste bigode estranho e do terceiro Reich, houve outros líderes e outros Reichs. O que é um Reich? O que foram o Primeiro e o Segundo Reich? Quais líderes notórios desses períodos? 

A tradução literal de Reich para o português seria algo como Reino ou Império e a palavra pode ser usado nesse sentido de especificar um estado soberano que se encaixe na categoria de Reino ou Império; mas esse não é o uso que buscamos aqui. A palavra, no sentido que estamos trabalhando, significa os períodos de maior poderio da região. Nem havia uma Alemanha no Primeiro Reich, mas como existe um elo territorial e cultural entre aquele império e a atual Alemanha, ele faz parte da História alemã. Então, Reichs são os períodos na História em que este país esteve no seu ápice militar, econômico e cultural.

O Primeiro Reich foi o maior de todos. Ele tem início em 962, ainda durante a Alta Idade Média, e vai até 1806 quando é dissolvido a força por Napoleão Bonaparte. São quase mil anos de História. E qual a História dele?

Em 2 de fevereiro de 962, Otto, o Grande, era coroado pelo papa João XII como imperador do Ocidente. Um título que não abrangia toda a Europa da época, pois nem toda a Europa era cristã e muitos pedaços estavam autônomos com relação ao poder da Igreja. Otto era herdeiro direto do  Sacro Império Romano Germânico fundado por Carlos Magno em 800. A coroação do Saxão em 962 é um momento de apogeu para a História da Alemanha. 

Não, a Alemanha não existia ainda. O próprio Otto não pode ser chamado de alemão, embora ele fosse saxão e os saxões seriam um dos grupos que formariam o país no futuro. E muito embora o Sacro Império Romano Germânico e o I Reich alcançassem muitas outras regiões além da Alemanha em si, o centro do poder estava nas regiões centro-norte da Europa, assim como os líderes provinham dessa região. 

O império reunia, além da Alemanha, partes das atuais República Tcheca, Áustria, Holanda, Bélgica, Polônia, Suíça, França e Itália.

Para governar este estado multiétnico e politicamente complexo, os príncipes das dezenas de províncias elegem o imperador. Destaca-se entre as famílias reais a casa dos Habsburgo, que foi responsável por todos os monarcas de 1438 até 1740, além de, por meio de casamentos, assumir ainda a coroa da Espanha. Isso conferiu aos Habsburgo um poder inigualável em toda a Europa, permitindo que estes liderasse a Contra-Reforma nos séculos XVI e XVII na Europa.

O começo deste império é uma ideia de um reino cristão universalizado em que os poderes do Papa e do Imperador estariam unidos em uma causa comum. Mas essa lua-de-mel durou muito pouco. Já no século XI começaram inúmeros atritos entre os imperadores e os papas, a discussão sempre acontecendo em torno de quem é mais poderoso e quem pode atuar nesse ou naquele assunto. Outro problema é que inúmeras nações cristãs não faziam parte deste Império e nem estavam submetidas ao poder do líder do I Reich.

Um reflexo claro disso foi que o papa Gregório VII modificou a cerimônia de coroação do Imperador. O uso de um óleo especial que era utilizado na coroação do Imperador, e apenas nessa ocasião, que significava o poder deste homem sobre todos os cristãos deixou de ser usado e foi substituído por água benta comum, usada em batismos e outros rituais cotidianos.

São quase mil anos de História deste I Reich que começou no finalzinho da Alta Idade Média e sobreviveu até o advento das revoluções burguesas e da Idade Contemporânea. O I Reich, um exemplo de conservadorismo quase medieval, não se abalou diante das revoluções que levaram vários reis ao exílio ou à guilhotina.

Apenas outro aspirante a senhor do mundo, Napoleão Bonaparte, conseguiria o feito de destruir esse Reich para tentar construir o seu próprio império que tentasse abarcar toda a Europa.

O Segundo Reich alemão duraria apenas algumas dezenas de anos. Foi de 1871 até 1918. Ele se consolidou a partir da vitória na Guerra Franco-Prussiana e no advento tardio da Unificação Alemã e deixou de existir depois da derrota na Primeira Guerra Mundial.

O destino quis que outro Otto, agora Otto von Bismarck, fosse a cabeça por trás da consolidação do Segundo Reich. 

Guilherme I, o futuro Kaiser da Alemanha Unificada, junto com o chanceler Otto Von Bismarck colocara um plano ousado em ação. A Prússia era um país poderoso e moderno, com um exército temido e uma economia poderosa. Por meio de guerras e diplomacia, o rei da Prússia se tornaria o Imperador da Alemanha. 

O elo cultural, idiomático e histórico passaram a ser buscados e a força passou a ser utilizada para submeter o que seriam os alemães. Nem sempre era uma relação harmoniosa, pois vários principados e reinos menores não queriam ser anexados pela Prússia nesse novo império. A Áustria e a Dinamarca, por exemplo, embora tivessem claros laços culturais com o país que estava se formando, mantiveram sua independência política. A França perdeu um pedaço do seu país que era considerado germânico pelos prussianos, a Alsácia-Lorena.

Liderados pelos prussianos, o II Reich rapidamente se tornou uma potência militar e econômica. Mas um império que nasceu muito tardiamente no contexto do Imperialismo da Europa. As disputas por colônias no ultra-mar contra os ingleses, o revanchismo francês por conta da derrota na Guerra Franco-Prussiana e os vários problemas étnicos e culturais dos balcãs em que os austríacos, aliados dos alemães, estavam inseridos levaram a Primeira Guerra Mundial e a derrota dos alemães que teve início com o desembarque dos estadunidenses marcou o final do II Reich. 

O Primeiro Reich foi imaginário, equivalente à fundação de Roma por Rômulo e Remo. Foi a maneira como os alemães no futuro buscaram entender sua origem. O Segundo Reich foi a consolidação por meio do ferro e do fogo de uma nação imposta pelos prussianos. E o terceiro?

O Terceiro Reich foi o período do nazismo. Vai da eleição do ditador mais conhecido de todos como chanceler em 30 de janeiro de 1933 até a derrota dos alemães em 8 de maio de 1945. Após um incêndio suspeito no Parlamento Alemão, o Reichstag, o governo passou a suspender os direitos civis e constitucionais, aplicando decretos governamentais que seriam aplicados sem a necessidade de um parlamento. 

A tentativa de “purificar” uma suposta raça alemã nórdica superior levou todo o mundo a uma guerra mundial e, felizmente, o homem do bigode notório estava errado: o III Reich não durou mil anos. Na verdade, mal durou 10 anos. Enquanto os estadunidenses avançavam contra a Alemanhã pelo Oeste, os soviéticos fizeram pressão pelo Leste. O criador não viu a criatura ruir. Hitler se matou pouco antes da invasão de Berlim pelos soviéticos. O III Reich estava destruído.