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A infância de Joana D’arc

Joana D´arc é um nome que todos conhecem, mas todos conhecem a história da guerreira que liderou a França em uma guerra e foi traída pelos seus compatriotas? Guerreira, santa e herege. Quem foi Joana D’arc? Agora, ao vivo, no History to Go.

Nascida na região de Lorena na França, a guerreira deve ter nascido no ano de 1412. Nesse período, a França passava por uma guerra contra a Inglaterra: a Guerra dos 100 anos, que durou de 1337 a 1453. A guerra começou quando o monarca francês Carlos IV morreu sem deixar herdeiros e o rei inglês Eduardo III reivindicou o trono, pois era sobrinho de Carlos IV.

Os 116 anos de guerra foram terríveis: batalhas sangrentas por todos os lados e uma completa instabilidade política, a coroa francesa transitou por, pelo menos, 4 cabeças entre os parentes mais distantes do monarca falecido. Isso, claramente, refletiu diretamente sobre a formação de Joana D’arc. Inclusive seu vilarejo chegou a ser incendiado uma vez e não faltou elementos de violência em crescer nesse contexto. 

Aos 13 anos, Joana D’arc alegou que começou a ouvir vozes e receber visitas do arcanjo São Miguel, a Santa Catarina de Alexandria e a Santa Margarida de Antioquia. Os seres celestiais diziam à jovem que ela deveria incorporar o exército francês contra os ingleses. E não faltava coragem naquela que, no futuro, seria Santa e padroeira da França.

Três anos depois, com as mensagens celestiais mais claras e frequentes, a jovem pediu para um parente escoltá-la até uma cidade próxima para ela procurar algum funcionário real para pedir uma audiência com o rei em pessoa. O funcionário foi sarcástico e não aceitou o pedido. Mas além de coragem, havia persistência. Foram várias as visitas ao funcionário até que o povo aderiu à jovem Joana e o homem foi forçado a aceitar o pedido. Marcou um encontro com o rei e escalou cavaleiros para escoltá-la no caminho.

Joana D’arc vai ao campo de batalha

Com os cabelos cortados e vestida como um homem, Joana D’arc foi ao encontro do seu destino. Essa é a parte menos crível da história, mas foi como aconteceu. O líder máximo da França não somente aceitou receber uma jovem analfabeta que alegava receber mensagens divinas, mas aceitou que essa jovem sem nenhuma experiência militar liderasse parte do seu exército.

Tirando todo o romantismo e misticismo em relação a protagonista, nós temos uma garota de 17 anos de idade, de origem camponesa e pobre, analfabeta, sem nenhum contato prévio com batalhas ou guerras e que alegava ter visões e contato com o divino. Além da questão classista da época, ela pertencia a plebe e plebeus não eram líderes militares, principalmente aqueles que nunca tinham levantado uma espada ou matado um homem, havia a questão do machismo muito forte da época: Joana Darc era uma mulher e isso era tão pesado na sociedade da época que ela precisou cortar o cabelo à moda masculina e usar armadura. Era necessário que ela não se parecesse com uma mulher no exército. A situação toda é muito nebulosa, mas não faltam fontes e evidências: apesar de todos os obstáculos, aconteceu.

“Nós nunca saberemos o que aconteceu em Chinon. Esse é um dos maiores mistérios da história” escreveu uma das maiores especialistas no tema, Marina Warner. Joana Darc se negou a dizer como havia convencido o rei em seu julgamento, apenas dizendo que ele havia recebido um sinal divino para acreditar nela. Mas não foi um processo fácil, vários clérigos a interrogaram e, inclusive, fizeram um teste para corroborar sua virgindade. 

A desmoralização do exército francês e as constantes derrotas podem ser um indicativo para o rei francês ter colocado seu exército em uma jovem que alegava receber mensagens divinas. Na verdade, a moral das tropas francesas estava tão baixa que muitas vezes não havia combate: os franceses se retiravam antes do começo ou a qualquer baixa começavam a debandar. 

Sua participação no exército é fruto de discussões. Há quem a coloque como uma general de sucesso e que teve várias vitórias, mas isso é pouco crível para uma jovem de 17 anos sem a menor experiência ou treinamento militar, o mais provável é que sua presença fosse mais figurativa, incentivando as tropas que acreditavam na santidade da moça. Não importa, a partir da participação dela no exército – seja como general ou como santa – as coisas começaram a mudar e as vitórias começaram a aparecer.

Com a moral fortalecida pela imagem ou pela liderança de Joana Darc, a região de Orleães foi reconquistada e várias outras batalhas foram vencidas. Do outro lado, os ingleses enxergavam Joana Darc como uma bruxa maligna capaz de forte feitiçaria. 

Em 1429, Reims havia sido reconquistada e a vitória parecia certa para os franceses. Nesse momento, Carlos VII foi coroado oficialmente como monarca francês. Para a jovem, suas visões estavam cumpridas: os ingleses estavam sendo expulsos e a França voltava para as mãos do monarca que era considerado legítimo. 

Havia um último ritual a ser feito para que toda a tradição da coroação fosse completa: uma marcha até Paris. Ao invés de uma marcha rápida e anônima, o rei decidiu entrar em trégua contra partes da França que ainda estavam aliadas aos ingleses e que estariam no caminho até Paris. Acreditando na trégua, o rei começou a sua marcha e algo terrível ocorreu: não respeitando a trégua, o rei e a parte do exército que o escoltava foi emboscado em vários pontos. A rendição foi a saída e, posteriormente, o exército seria quase que completamente dissolvido e Carlos VII apostaria na diplomacia para tentar manter os territórios conquistados.

A traição contra Joana D’arc

Joana Darc continuou a guerra contra os ingleses sem o apoio do rei e com pouquíssimos militares. Mesmo com números pequenos e uma incapacidade real de ganhar, ela continuou sua guerra até ser vendida por 10 mil libras para o exército inglês.

Bruxa, herege, possuída pelo demônio e até sua sexualidade foi questionada por se vestir como um homem. O julgamento feito pelos ingleses foi rápido e foi totalmente baseado em crimes religiosos. Carlos VII, o monarca francês que voltou para a desmoralização, não fez nenhum esforço para reaver a jovem em que havia depositado sua esperança e que havia levado seu exército a várias vitórias.

Joana D’arc: de bruxa para Santa

Morreu na fogueira como bruxa e herege em 1431, mas rapidamente sua imagem foi recuperada. O papa Calisto III a inocentou de seus crimes religiosos em 1456 e, séculos depois, Joana D’arc foi canonizada em 1920 pelo papa Bento XV. Hoje ela é a Padroeira da França.

Napoleão Bonaparte certa vez disse: “Um francês pode fazer milagres ao ver a independência do país ameaçada”. Joana D’arc é retratada em inúmeros livros e filmes. A jovem magrela, camponesa, analfabeta cuja vila foi incendiada pelos ingleses cujas visões levaram a um encontro com o rei e a liderança de suas tropas. Que não desistiu da guerra mesmo quando o rei havia perdido suas tropas em emboscadas e que morreu como bruxa, mas renasceu como A Padroeira em uma terra que não faltam guerreiros notáveis e santos imaculados.