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Saladino, um líder islâmico, retomou Jerusalém das mãos dos cristãos e os reis europeus se juntam para a Terceira Cruzada. Nos hospitais e hospedarias cristãs no Oriente Médio vários feridos e doentes – entre peregrinos e soldados – se amontoam; a ordem de Hospitalários é insuficiente para lidar com tantas pessoas e muitos morrem por negligência médica. Nesse contexto, camponeses alemães (ou o que isso seria alemão hoje) de Bremen e Lubeck passam a prestar auxílio médico aos seus compatriotas germânicos. Nobres alemães, às ordens de cavalaria, o povo e o próprio papa da época adoram a ideia e passam a investir nela. Não tardou para que o papa Clemente III aprovasse em 1198 a criação da ordem religioso-militar da Ordem dos Cavaleiros Teutônicos de Santa Maria de Jerusalém, os famosos cavaleiros teutônicos.

Ao contrário dos Templários que tiveram enorme êxito e vultuosas doações, os Teutônicos não tiveram um sucesso tão estrondoso. Na verdade, o começo da ordem foi difícil. Havia poucas doações e eles tinham poucas posses. O contexto da Terceira Cruzada em que o poder dos cristãos no Oriente Médio estava em declínio era completamente diferente daquele que os Templários desfrutaram. Em 1210, a ordem de cavaleiros germânicos fez laços com o rei Leo II da Armênia e ganhou posses e territórios na região, principalmente a fortaleza de Montfort próximo a Galiléia.

De plebeus alemães a ordem passou a ser de nobres cavaleiros. A regra da ordem era baseada em Santo Agostinho, mas com adaptações por ser uma ordem militar. Os votos de castidade, pobreza e obediência seguiam a exigência do nobre doar todos os seus bens ao entrar para os Teutônicos. Só poderiam caçar em casos de necessidade e não poderiam estar com mulheres. As punições de morte eram aplicadas àqueles que se acovardaram diante do inimigo ou praticassem sodomia.

A participação dos teutões na coroação do rei armênio e as generosas doações de castelos, fortalezas e propriedades fazem parte de uma esperança que eles impedissem os ataques dos turcos seljúcidas e mantivessem a independência do reino cristão e isso foi verdade até 1266 quando a Armênia foi invadida pelos islâmicos e eles foram expulsos.

A participação dos cavaleiros alemães não foi tão expressiva no contexto das cruzadas do Oriente Médio até que foram retirados de lá em 1291, junto com todas as outras ordens de cavalaria. 

Nem toda a ordem havia se estabelecido no Reino Armênio. Em 1211, o rei André II da Hungria convocou os Teutônicos para que eles auxiliassem na defesa das fronteiras na Transilvânia. A promessa de terras e isenção de impostos atraiu vários cavaleiros que fundaram cinco fortalezas e a cidade de Brasov.

As boas relações entre o rei André II e a ordem geram insatisfação com relação à nobreza húngara que constantemente entra em atrito com a ordem, pois o crescimento do poder da ordem no país não é bem vista. A insistência do rei André II em defender a ordem diante da nobreza do próprio país leva à perda de credibilidade do rei e a tensão aumenta quando eles partem para tentar reconquistar Jerusalém no contexto da quinta cruzada. Em 1225 a independência da ordem passa a ser vista como uma ameaça ao país e eles são expulsos. 

Em 1224 surge um Estado da Ordem Teutônica que existiria até 1525. O Estado se estabelece na região norte da Polônia e a agressividade e o poder da ordem ameaça os países vizinhos, em especial o Reino da Polônia e o Grão-Ducado da Lituânia. Várias regiões prussianas são conquistadas pela ordem que abandona completamente sua atuação no Oriente Médio e Mediterrâneo. 

A Ordem dos Cavaleiros Teutônicos passa a auxiliar os reis da Dinamarca e da Noruega nas chamadas Cruzadas do Norte. A luta aqui é contra os vários povos pagãos que ainda existiam no norte da Europa, principalmente ao redor do Mar Báltico, em especial os prussianos e os lituanos. Às vezes, as lutas contra os cristãos ortodoxos russos também é encarado nesse contexto de Cruzadas do Norte.

Havia outra ordem de cavalaria religioso-militar no norte da Europa, os Irmãos Livônios da Espada, fundada em 1202 pelo terceiro bispo de Riga. Os Livônios eram, em suas regras e costumes, mais próximos dos Templários do que dos Teutônicos. Não houve disputa entre as duas ordens de cavaleiros, muito pelo contrário, os Livônios seriam “absorvidos” pelos Teutônicos em 1236. Neste ano a ordem dos Irmãos da Espada foi quase aniquilada na Batalha de Saule contra tropas pagãs lituanas e bálticas. Depois de absorvidos teriam suas regras adaptadas aos Teutônicos, mas os lituanos continuaram independentes e com seu próprio grão-mestre, mesmo que esse fosse subordinado ao grão-mestre da Ordem Teutônica.

No século XIV, os Cavaleiros Teutônicos controlavam toda a região do Báltico, desde o Golfo da Finlândia até a Pomerânia. Com a extinção da ordem no século XVI às suas terras seriam divididos entre Prússia, Polônia, Rússia e Suécia. 

O declínio da Ordem começa em 1410 com a Batalha de Grunwald. O Rei Ladislau II liderou um exército de 45 mil homens entre poloneses e lituanos contra os 21 mil cavaleiros teutônicos. A estratégia do rei polonês foi apurada. Desgastaram às tropas teutônicas com a espera e depois atraíram os cavaleiros para uma emboscada a partir de um recuo estratégico. A batalha custou a vida do grão-mestre da ordem. Os cavaleiros recuaram para sua fortaleza em Malbork, conhecida por ser intransponível. A primeira ferida na ordem foi proferida. 

Algumas décadas depois, em 1454, levantes populares prussianos apoiados pelos poloneses atacaram os teutônicos sem nenhum aviso. O elemento surpresa das revoltas teve enorme eficiência. Todas as suas fortalezas, com exceção de Malbork e Konitz, foram tomadas pelos revoltosos prussianos. O papa intervém impedindo que a guerra contra a ordem continuasse, mas agora seria questão de tempo. A ordem continuaria a se desgastar até 1525 quando o grão-mestre, Alberto de Brandemburgo, se converteu ao luteranismo e assumiu o título de Duque da Prússia.

A ordem perdeu toda a sua força nesse momento, mas não deixou de existir. Eles ainda se reuniam para administrar as várias propriedades que os teutônicos tinham por todo o Sacro Império Germânico. Somente em 1809, Napoleão iria confiscar todas as propriedades da ordem que, ainda sim, não deixou de existir como título. 

Em 1929, o papa Pio XI retoma oficialmente a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos. A Ordem agora é composta por padres, freiras e sacerdotes com missões assistencialistas. A mesma tônica que fez a ordem surgir em 1198 em Acre, no Oriente Médio. A sede dos teutônicos é em Viena e suas missões são em países com comunidades germânicas (ou de descendentes de alemães) em países de língua não-alemã. Possuem conservatórios, escolas de ensino médio, hospitais e templos religiosos por toda a Europa Central.

A ordem com mais de 800 anos de idade atualmente é liderada pelo italiano Bruno Platter. O sacerdote católico septuagenário é da região norte da Itália, uma região muitas vezes mais próxima dos austríacos do que dos italianos do sul.