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Homens com armaduras de aço sobre poderosos corcéis investem pesadamente contra islâmicos em um ambiente de areia e dunas. Essa é, sem dúvidas, a imagem que vem à cabeça da maioria das pessoas quando falamos de cruzadas. Mas esse evento histórico é muito mais amplo e envolve todo um contexto específico. Quem eram os templários? Como a ordem surgiu? Qual o seu propósito? Como foram extintos?

No começo do século XI os turcos sejúlcidas tinham conquistado largas porções do Oriente Médio, incluindo Jerusalém, e sua postura com relação aos cristãos era mais agressiva que os abássidas que controlavam essa região no passado. Os turcos proibiram a peregrinação e entrada de cristãos na região e esse foi um dos vários fatores que levaram a uma união da Cristandade com o intuito de tomar essas regiões sagradas das mãos dos mulçumanos.

A Ordem dos Cavaleiros Pobres do Templo de Salomão, conhecidos simplesmente como Templários, são os mais famosos e conhecidos. Foram criados em 1096 com o intuito de proteger os cristãos que peregrinavam rumo a Jerusalém. . A união da cristandade e a Primeira Cruzada resultaram em uma guerra e no estabelecimento de uma Jerusalém controlada pelos cristãos, mas a ferocidade dos islâmicos ainda tornava essa jornada extremamente perigosa.

Os Templários, facilmente reconhecidos por sua cruz vermelha em um fundo branco, foram rapidamente tido como essenciais para a manutenção dos Estados Latinos, os reinos cristãos recém-estabelecidos no Oriente Médio, e caíram nas graças do povo, dos nobres e do papa. 

Seus cavaleiros eram os mais qualificados de toda a Cristandade e aqueles que não eram combatentes eram responsáveis por uma larga infraestrutura econômica que envolvia inovações financeiras que seriam uma espécie de “embriões” do sistema bancário e várias fortificações por toda Europa e Terra Santa. 

O século XIII foi o ápice da ordem. O papa da época, Gregório IX, chegou a emitir uma bula papal que isentava os templários do pagamento de impostos religiosos com o intuito de manter, nas próprias palavras do religioso, a “guerra contínua que sustentavam contra os infiéis, arriscando a vida e a fazendo pela fé e amor de Cristo”. O teólogo francês Jacques de Vitry os definiu como “leões de guerra e cordeiros no lar; rudes cavaleiros no campo de batalha, monges piedosos na capela; temidos pelos inimigos de Cristo, a suavidade para com Seus amigos”.

Os Templários levavam uma vida austera – a permissão de comer carne só era dada em alguns dias da semana e, mesmo assim, por entender que eram uma ordem militar e precisavam estar fortes – e nunca foram muito numerosos: seus números nunca foram maiores do que 400 e pouco cavaleiros. Apesar disso tudo, eram conhecidos pela ferocidade no campo de batalha e por colocar real terror nos adoradores de Alá. Abundam relatos de cavaleiros capturados que se tornam mártires por não aceitarem renunciar a fé cristã ou passar informações para seus algozes. 

Eles são uma ordem de monges militares e precisavam seguir de forma rígida a regra estabelecida por São Bernardo. A inspiração dessa regra que ditava os templários era retirado dos Salmos: “Não a nós, Senhor, não a nós. Mas pela Glória do Teu nome”. Os 72 capítulos da regra ditavam características básicas de uma ordem militar-religiosa feudal: a admissão era feita por um bispo, havia uma série de restrições e penitências a serem feitas em certos dias e também havia certas regras para formar um sentimento de irmandade entre os cavaleiros como a exigência de nas refeições um prato ser sempre dividido entre dois homens. Todos os templários deveriam conhecer a regra decorada, viver em castidade e pobreza e serem completamente obedientes aos seus superiores. 

A ordem, como instituição, se tornou super poderosa. Sua fama se alastrou por todo o mundo cristão que passou a fazer generosas doações a esses homens. Reis e rainhas doaram inúmeras porções de terra, animais e mesmo toda a sua herança como no caso do rei Afonso I de Aragão que não tinha herdeiros. Mas cristãos comuns também doavam para a ordem e havia inclusive uma bula papal, a Milites Templi de 1144, que incentivava a doação dos cristãos a essa ordem religioso-militar. Os templários também passaram a cultivar trigo e criar animais para acrescentar suas receitas e bancar seus equipamentos, fortificações e campanhas contra os islâmicos.  

Além da Terra Santa, os templários também lutaram contra os islâmicos em outra frente de batalha: a Península Ibérica. Desde o século VIII, os islâmicos do califado omíada tinham vencido o reino dos germânicos visigodos que estavam na região da atual Espanha e ocupavam quase toda a Península Ibérica. No século XIII, quinhentos anos depois, os planos dos reis cristãos da região de expulsar os mulçumanos estava a todo vapor e os templários foram convocados. Receberam vários castelos e propriedades nas regiões cristãs da região para apoiar o processo de reconquista que levaria alguns séculos para acontecer. 

Sua ascensão foi sua queda. Ficaram tão ricos e poderosos que passaram a emprestar dinheiro para grandes escalões do cristianismo, inclusive, para reis. Felipe IV da França tinha inúmeros problemas financeiros e uma dívida colossal como os templários. A solução que ele acharia seria política. O rei francês passou a fazer uma pesada campanha para desacreditar os templários. Eles eram acusados de imoralidade, heresia, sodomia e outros crimes de natureza espiritual. A influência de Felipe IV com o papa da época ajudou muito na sua campanha.

No dia 13 de outubro de 1307 (uma sexta-feira 13) todos os cavaleiros que estavam em solo francês foram presos. A situação dos templários que estavam no Oriente Médio não era muito melhor, pois haviam perdido os territórios cristãos (o último foi Acre em 1291) e estavam isolados na ilha de Chipre desde então, mas em 1306 eles foram expulsos pelo rei Henrique II. 

Tiago de Molay, o último grão-mestre da ordem, tentava sem sucesso criar um novo plano militar para retomar a Terra Santa e o papa Clemente V tentava, também sem sucesso, convencer ao rei francês da necessidade da ordem. As cartas do papa destinadas a Felipe IV deixam claros seus protestos com relação às prisões, torturas e confissões que aconteciam aos cavaleiros da ordem em solo francês.

Em novembro do mesmo ano o papa recomenda que os templários em outros países fossem colocados para serem interrogados e fica claro que as confissões obtidas em solo francês foram obtidos por meio de tortura. O papa deixou claro em 1311 a partir do Concílio de Vienne que não há nenhuma prova da culpa dos cavaleiros das acusações feitas pelo rei francês alguns anos antes. 

Apesar de inocentados, o momento histórico mudou e os processos de prisão e interrogatório elevaram a extinção da ordem em 1312 pela bula papal Vox clamantis. Todas as suas propriedades foram entregues a outra ordem religiosa-militar, os Hospitalários, com exceção das posses que estavam na Espanha que foram devolvidas aos monarcas locais.