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O que foi a Primeira Guerra Mundial?

A Primeira Guerra Mundial foi o sexto evento com o maior número de mortos na História, mas o fenômeno terrível do longo período que os soldados se enclausuravam em túneis escavados na terra cheio de lama, piolhos, ratos e cadáveres iria marcar de forma permanente o conflito.

Mais de 40 quilômetros de túneis foram escavados dos dois lados do conflito somente do lado Ocidental. Esses túneis, as trincheiras, tinham em média dois metros de profundidade e milhares de quilômetros de extensão. A expectativa de vida dentro desse ambiente brutal era curto: em média um soldado ficava vivo por seis semanas. Mas nem todos faleceram nas investidas contra metralhadoras e fuzis do lado inimigo, só a Gripe Espanhola – sem considerar outras doenças – matou cerca de ⅓ dos militares envolvidos no conflito.

Cerca de seis mil soldados morriam todos os dias nos túneis muitas vezes alagados. Podia levar semanas ou até meses para retirarem os corpos e a coexistência de vivos com os corpos pútridos dos colegas era uma rotina comum da sobrevivência nas trincheiras. Apesar de uma existência curta e brutal, no período não faltou voluntários de todos os lados para servir no exército. O exército britânico, por exemplo, exigia uma idade mínima de 19 anos para o serviço militar, mas foi comum voluntários que mentiam a idade para ingressar nos conflitos. O soldado britânico mais novo conhecido foi para o campo de combate com meros 12 anos.

Os bombardeios eram comuns e marcaram fortemente o imaginário dos soldados. A expectativa de sair voando pelos ares ao ter seu trecho acertado pela artilharia inimiga causou, inclusive, danos psicológicos sérios em vários soldados. Um tenente descreveu a experiência como estar amarrado e vendado enquanto alguém martela fortemente logo sobre sua cabeça.

E esse medo era válido, durante a Batalha de Somme que ceifou cerca de um milhão de soldados de ambos os lados, os soldados britânicos depositaram cerca de 30 toneladas de explosivos próximo das trincheiras alemãs na tentativa de expulsá-los. A cratera formada existe até hoje e tem mais de 90 metros de diâmetro com mais de 20 metros de profundidade.

Os jovens oficiais de menor escalão eram as maiores vítimas das metralhadoras inimigas. Eram os responsáveis pelas ousadas investidas no meio da Terra de Ninguém para tentar tomar a trincheira inimiga. Avançavam primeiro encorajando as tropas no meio do solo enegrecido pelo sangue e pela pólvora, esburacado por enormes crateras causadas pela artilharia inimiga e cheia de corpos de homens e cavalos que não foram recuperados.

Apesar de todo o horror desse combate, ou por causa desse grande horror, houve enormes avanços médicos nesse período. A horda de desfigurados e mutilados que voltavam para casa depois dos conflitos, os gueule cassé que significa “cara quebrada” em francês, motivou não somente a criatividade para dispositivos que buscassem facilitar a vida daqueles que haviam perdido membros como mãos e pernas em combate, mas também a cirurgia estética para tentar minimizar as sequelas permanentes que ficaram nos rostos de vários combatentes.

Quando foi a Primeira Guerra Mundial?

A Primeira Guerra Mundial teve início no começo do século XX. Oficialmente, começou em 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918. Ela durou um pouco mais de 4 anos. Antes de 1914 já havia a formação de blocos militares entre vários países europeus e os estudiosos chamam esse período de “Paz Armada”. Não havia guerra, mas vários fatores ligado a nacionalismos, revanchismos e disputas por colônias criavam uma situação em que todos estavam se preparando.

Em 28 de julho de 1914, o Império Austro-Húngaro invadiu a Sérvia como uma forma de revanche pelo assassinato do arquiduque Franz Ferdinand que foi assassinado por um separatista. A Rússia – que almejava juntar todos os países eslavos – partiu na defesa do pequeno país balcânico e as várias alianças que envolviam Alemanha, França, Itália e Reino Unido levaram toda a Europa e vários países fora dela para o conflito.

Em 1915, as atitudes alemãs de afundar inúmeros navios no Atlântico gerou uma série de atritos com os EUA: um navio britânico com mais de 120 americanos foi afundado. O presidente Woodrow Wilson negociou termos com os alemães com relação as guerras submarinas e isso evitou que seu país entrasse no conflito em represália ao ataque alemão.

Em 1917, a Alemanha já estava mais próxima de vencer a guerra depois da Rússia sair do conflito por causa da Revolução Russa, e eles voltaram a fazer ataques sem restrição no Atlântico, mesmo sabendo da propabilidade de trazer os Estados Unidos para o conflito. Os alemães enviaram um telegrama para o México sobre a possibilidade do país entrar na guerra ao lado dos alemães com a promessa de reanexarem territórios como Texas, Novo México e Arizona.

O Reino Unido interceptou esse telegrama e apresentou aos Estados Unidos. Era uma declaração de guerra. E o começo do fim para a Alemanha.

A chegadas das tropas americanas com novos equipamentos de guerra e soldados que não estavam há anos de guerra fez enorme diferença. A declaração de guerra dos EUA em 6 de abril de 1917 levou 2,8 milhões de soldados estadunidenses e porto-riquenhos trazendo nova tônica para os Aliados, embora oficialmente os americanos nunca tenham entrado na Tríplice Entente, apenas com o status de “Potência Associada”.

Em 8 de agosto de 1918 começou um ataque aliado conhecido como a “Ofensiva dos Cem Dias” em que mais de 100 milhões de soldados e inúmeros blindados começaram uma forte ofensiva contra os alemães que os levariam a rendição em novembro do mesmo ano.

Qual foi o estopim da Primeira Guerra Mundial?

Havia inúmeros atritos na Europa pré-Primeira Guerra Mundial. Os franceses desejavam vingança dos alemães pela derrota na Guerra Franco-Prussiana em que o território da Alsácia-Lorena havia sido tomado dos franceses. O retardo do começo da industrialização alemã por causa da unificação tardia levou os alemães a terem inúmeros conflitos contra os britânicos pela posse de colônias ultramarinas. Os britânicos já tinham as melhores e não queriam dividir.

Mais para o leste da Europa o Império Austro-Húngaro, aliado dos alemães, tinham um atrito com os russos. A Rússia tinha uma ambição de dominar todos os países cujas populações fossem eslavas (uma etnia européia comum no leste europeu), mas alguns países eslavos, como a Sérvia, estavam dominados pelo Império Austro-Húngaro. Indiretamente, era claro uma combinação de interesses de franceses, britânicos e russos contra a Alemanha e a Austria-Húngria.

Todos esses atritos iriam explodir com um fato ocorrido com relação a esse leste da Europa. Um arquiduque do Império Austro-Húngaro, Franz Ferdinand, foi assassinado na Sérvia por um membro de um grupo separatista. O sentimento de paneslavismo (um nacionalismo dos países eslavos que esse grupo compartilhava) levou os russos a sua defesa: eles não permitiriam uma retaliação por parte do parte dos austríacos. A retaliação veio na forma de um ataque contra a Sérvia que seria o estopim para todo o conflito.

O episódio que ficou conhecido como O Atentado de Saravejo serve como estopim para a guerra. Com alguns tiros, Gavrilo Princip não somente matou parte da realeza do Império Austro-Húngaro, mas levou a humanidade para um dos conflitos mais sanguinários da História.

Qual foi a participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial?

Ao contrário do que aconteceria na Segunda Guerra Mundial, a participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial foi bem tímida. E assim como os Estados Unidos, nosso ingresso na guerra tem a ver com os torpeamentos alemães no Atlântico.

Em 1917, o vapor Paraná que navegava totalmente de acordo com as especificações dos países neutros, foi atacado por submarinos alemães. Isso levou a um rompimento diplomático com a Alemanha e seus aliados e levaria ao confisco de navios alemães, turcos-otomanos e austro-húngaros que estavam em portos brasileiros depois de um outro navio, o Tijuca, ser bombardeado na costa francesa.

O ataque ao terceiro navio brasileiro pelos submarinos alemães exigiu a entrada do Brasil no conflito: o cargueiro Macau foi afundado e seu comandante preso. Apesar da enorme ebulição popular, tivemos uma participação pequena.

Um grupo de aviadores brasileiros foram incorporados a Força Expedicionária Britânica e um grupo de médicos-militares foram incorporados ao Exército da França. A marinha deu a maior contribuição: uma esquadra naval com a missão de vigiar o noroeste africano e o Estreito de Gilbratar para caçar os submarinos alemães e impedir sua ação nesse território.

Qual foi o motivo da Primeira Guerra Mundial?

A Primeira Guerra Mundial teve uma série de fatores a serem analisados. O fator mais relevante foi a unificação tardia da Alemanha. Enquanto a maioria dos países europeus tornaram-se Estados Nação na época do Aboslutismo, ou um pouco depois, a Alemanha somente se unificou no século XIX. E esse não foi um processo fácil.

Para unir os vários fragmentos germânicos que se tornariam o Império Alemão, Oto Von Bismarck precisou usar da força. Tanto para dobrar todos os Estados que comporiam o país (Saxônia, Bavária e etc.) como para definir as fronteiras. Embora houvesse uma série de elementos comuns, não foi um processo fácil e nem bem aceito.

Definir as fronteiras demandou, muitas vezes, ferir a soberania de outras nações. O caso clássico é a França. A Alsácia-Lorena foi tomada pelos alemães em uma guerra contra os franceses. E os fortes nacionalismos dessa época combinados com um sentimento de revanche francesa contra o Império Alemão é um vetor importante para entender o processo todo.

O retardo nesse processo de unificação levou a outro problema: somente com o país unificado a Alemanha pode começar seu processo de industrialização. Muito tardiamente em relação a outros países, mas principalmente muito tarde em relação à Inglaterra que tinha sido pioneira. A necessidade de matérias-primas, mão-de-obra e mercado consumidor, no entanto, também existia no processo industrial alemão.

E o que fazer? A estratégia de invadir e colonizar outras partes do mundo, sobretudo na África e na Ásia, já era um esquema velho no jogo político dos outros países industriais. Não havia boas colônias para os alemães. E uma parte dos alemães, os prussianos, sabem muito bem como conseguir o que querem usando a força. Esse atrito com relação aos ingleses, que gerou inúmeros tratados e partilhas diferentes, é outro vetor importantíssimo para entendermos os motivos da Primeira Guerra Mundial.

O mesmo nacionalismo que levou um sentimento de vingança e ódio aos alemães foi reinterpretado de outra forma entre os países eslavos do leste europeu: um sentimento de que todos os povos eslavos deveriam estar unidos em um único Estado. A Rússia, como maior e mais poderoso país eslavo, era uma grande impulsionadora de fomentar esse sentimento em outros países e anexá-los. Nesse sentido, havia uma richa entre os dois impérios: o Império Austro-Húngaro, sempre um aliado do Império Alemão, acabava tendo na sua colcha de nações alguns países eslavos e isso gerava conflito com o Império Russo.

Essa série de atritos levou a construção do conceito de Paz Armada. Não havia guerra, mas todos estavam preparados para uma guerra.

Quais as alianças antagônicas na Primeira Guerra Mundial?

A chamada Tríplice Aliança era composta prioritariamente pelos dois impérios germânicos: o Império Alemão e o Império Austro-Húngaro junto com o Reino da Itália. Ele data de algumas décadas antes da Primeira Guerra Mundial: foi fundado em 1882.

Assim como havia um paneslavismo, havia um pangermanismo. E esse era um sentimento tão forte quanto o paneslavismo e tornou naturalmente os interesses dos grandes impérios germânicos semelhantes e, logo, aliados naturais.

O Reino da Itália sofria do mesmo mal que a Alemanha: uma unificação tardia e um processo de industrialização que demorou muito para acontecer. Assim como os aliados germânicos, eles não estavam satisfeitos com o que “sobrou” do mundo depois das outras potências europeias conquistarem a Ásia e a África e os tratados e acordos feitos posteriormente não foram suficientes. A fome da Itália por colônias era o fator aglutinador com o aliado alemão.

O outro lado do conflito, com França, Reino Unido e Rússia, possuiam algo muito forte em comum: rivalidades com os germânicos, seja o Império Alemão ou o Império Austro-Húngaro. Na prática a consolidação da chamada Tríplice Entente foi a efetivação de vários acordos bilaterais.

De 1891 existia um acordo entre a França e a Rússia, a Entente Cordiale que unia a França ao Reino Unido é de 1904 e em 1907 foi feita uma Convenção Anglo-Russa que unia os russos aos britânicos. Havia ligações bilaterais entre os três países que foi efetivado em uma única aliança militar: a Tríplice Entente em oposição a Triplíce Aliança que era mais antiga.

Por que os Estados Unidos entraram na Primeira Guerra Mundial?

A estratégia adotada pelos americanos era a da neutralidade, a da não-intervenção no conflito, mas desde o começo do conflito houve obstáculos. Os alemães adotaram uma postura militar agressiva: topear navios, mesmo neutros, que comercializassem com a Tríplice Entente e seus aliados. Havia regras internacionais com relação aos países neutros e a forma que eles poderiam interatir e os alemães não respeitavam isso.

Em 1915, um navio britânico, o RMS Lusitânia, era bombardeado e mais de 120 americanos morreram. As represálias diplomáticas pareceram ter resultado e os alemães foram repreendidos por afundar navios civis, um ato de “pirataria” de acordo com o governo dos Estados Unidos. Dois anos depois, eles voltariam a praticar os ataques submersos contra todos os tipos de embarcações, sejam civis ou de países neutros.

A guerra submarina sem restrições faria com que os Estados Unidos honrassem suas ameaças do passado e entrasse no conflito. Os alemães sabiam disso e calcularam esse custo, mas calcularam errado. Eles acreditavam que demoraria para os americanos juntarem soldados e superestimaram sua capacidade de topear os navios que enviassem esses soldados a Europa. Além de subestimarem a capacidade dos americanos de levantar tropas e valorizar em excesso seus submarinos, Arthur Zimmermann, ministro das Relações Exteriores do Império Alemão, convidou o México a se aliar a Tríplice Aliança.

As promessas de Zimmermann incluiam a retomada de territórios nos Estados Unidos que no passado fizeram parte do México como Texas, Novo México e Arizona. Esse telegrama, conhecido como “Telegrama de Zimmermann” foi interceptado pelos britânicos e apresentado aos americanos.

A divulgação da proposta de Zimmermann e o bombardeio de sete navios mercantes dos americanos foi causa mais do que necessária para que os Estados Unidos partissem para a ofensiva com relação a guerra. No entanto, não fariam parte da Tríplice Entente e entraram no conflito com o status de “Potência Associada”.

Os americanos rapidamente juntaram cerca de 2,8 milhão de soldados, incluindo vários porto-riquenhos que ganharam cidadania por participar dos conflitos. Além de soldados, os Estados Unidos traziam equipamentos novos e novas táticas de combates. Novas formas de fazer assaltos frontais, poderosos blindados, destróieres, submarinos e etc. mudaram completamente o curso da guerra.

As tropas afro-americanas, os Harlem Hellfighters, foram colocadas em uma posição difícil: preencher as defasadas e quase vencidas tropas francesas. Mas não fizeram feio, muito pelo contrário, suas ações corajosas e destemidas em Château-Thierry, Belleau Wood e Sechault fez com que ganhassem a Cruz de Ferro, uma honra militar francesa.

Quem venceu a Primeira Guerra Mundial?

A chegada dos Estados Unidos como “Potência Associada” aos esforços da Tríplice Aliança deram um novo equilibrio a um conflito em que os alemães pareciam muito próximos de vencer.

As tropas britânicas, francesas e americanas começaram em agosto de 1918 uma ofensiva gigante contra as tropas alemãs conhecida como “Ofensiva dos Cem Dias” que juntou mais de 120 milhões de soldados e 400 blindados.

Em apenas 24 horas, o ataque entente abriu um espaço de 24 quilometros das linhas alemãs. Os alemães estavam há tempo demais no conflito e suas tropas não foram capazes de sobrepujar os americanos recém-chegados no conflitos e se adaptar as novas armas e táticas que eram empregadas. A guerra, antes imóvel nas trincheiras, agora era móvel e atacava os alemães de forma que eles não conseguiam se prever. A ofensiva foi um sucesso. Menos de um mês depois, os alemães retiravam várias tropas para uma retirada estratégica abrindo muitos milhares de quilometros para as tropas ententes.

Mesmo retirado para posições estratégicas mais próximas a Alemanha entricheirados em vilarejos e posições vantajosas, as tropas alemãs continuaram sem sucesso: o mês de setembro teve inúmeras tropas se rendendo aos aliados: só os britânicos levaram mais de 30 mil prisioneiros.

As notícias dos fracassos militares alemães, a exaustão das tropas que estavam há muitos anos no conflito, o colapso econômico, a situação terrível que os soldados enfrentavam foram alguns dos fatores que começaram a ameaçar motins dentro do exército alemão. Não havia mais como vencer a guerra e sobrou para o príncipe Maximiliano de Baden assumir o poder e negociar com os países vencedores: França e Reino Unido de um lado e Estados Unidos do outro.